*As opiniões expressas neste artigo são da autora.
Marechal Rondon, nascido em 1865 no Mato Grosso, era descendente dos índios Bororó e Terena. Em 1873, mudou-se para Cuiabá e, em 1881, ingressou na Escola Militar no Rio de Janeiro. Em 1889, participou da comissão que estendeu as comunicações telegráficas entre o Rio de Janeiro e Cuiabá. Em 1899, chefiou a instalação de linhas telegráficas de Cuiabá a Corumbá e até às fronteiras com a Bolívia e o Paraguai.

Afonso Pena, que era o Presidente da República, tomou conhecimento da experiência de um oficial do Exército Brasileiro com competência e determinação para uma missão de grande importância para o Estado brasileiro.
Marechal Rondon foi nomeado chefe da Comissão Rondon em 1907, liderando a construção da linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antônio do Madeira, a primeira a alcançar a Região Amazônica. Este projeto, que se desenvolveu de 1907 a 1915, foi crucial para conectar o Mato Grosso ao Amazonas durante o primeiro ciclo da borracha e a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Durante esse período, a comissão implantou estações telegráficas que se tornaram embriões dos futuros municípios do Estado de Rondônia, sendo fundamental para a integração territorial e de comunicação do Brasil no início do século XX.
A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
A estrada estava destinada a ser a mais importante ferrovia da América do Sul. O atual Estado do Acre era uma vasta região produtora de látex no fim do século XIX e início do século XX, porém pertencente à Bolívia. A invasão de brasileiros na região acabou ocasionando um conflito que ficou conhecido como a Questão do Acre. A recém-proclamada República do Brasil, em 15 de novembro de 1889, não queria perder o “ouro branco”, que somente não superava o café nas exportações durante a chamada República Velha (1889-1930).

O Tratado de Petrópolis, firmado em 17 de novembro de 1903, oficializou a incorporação do Acre ao território brasileiro. O governo do Brasil pagou à Bolívia a quantia de 2 milhões de libras Esterlinas, que em 2006 valeriam por volta de 230 milhões de dólares (NARLOCH, 2009, p.201). "Além disso, cedia algumas terras no Mato Grosso (próximas à foz do rio Abunã) e comprometia-se a construir a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré desde Santo Antônio, no rio Madeira, até Guajará-Mirim, no rio Mamoré, para escoar a produção boliviana pelo rio Amazonas, uma vez que a Bolívia havia perdido, após uma guerra contra o Chile, sua saída para o Oceano Pacífico.” Conforme descrito por Coimbra no trabalho de conclusão da UNINTER.
A atuação de Rondon não se limitou à engenharia. Ele também foi um defensor fervoroso da causa indígena, povos com os quais conquistou um relacionamento pacífico. No início de sua carreira, ele defendia a ideia de integração desses povos à cultura ocidental, mas, segundo o jornalista Larry Rohter, passou a defender o direito dos indígenas de manterem-se isolados. Por isso, ele foi um dos grandes defensores da demarcação de terras indígenas. Seu lema era “morrer se preciso for, matar nunca”.
Em 1910, passou a dirigir o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), que mais tarde se transformou na Funai. Entre 1913 e 1914, liderou uma comissão científica com Theodore Roosevelt, ex-presidente dos EUA, coletando mais de 23 mil espécies para o museu de história natural de Nova Iorque. Em 1919, Rondon foi nomeado diretor de engenharia do Exército Brasileiro. Rondon foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo físico Albert Einstein em 1925.

Em 1952, seu projeto para a criação do Parque Nacional do Xingu foi aprovado. Em 1955, alcançou a patente de Marechal. Em reconhecimento aos seus feitos, em 1956, o Território Federal do Guaporé foi renomeado para Território Federal de Rondônia. Aos 90 anos, Rondon foi promovido a Marechal pelo Exército. Em 1957, pelo Explorers Club de Nova Iorque, recebeu uma nova indicação ao Prêmio Nobel da Paz.
Rondon faleceu em 1958, antes da criação do Parque do Xingu, que ocorreu em 1961. Seu legado como desbravador e defensor dos direitos indígenas continua a ser celebrado, sendo homenageado com o nome de várias cidades no Brasil, como Marechal Cândido Rondon (PR), Rondon (PR), Rondonópolis (MT) e Rondon do Pará (PA).
Texto escrito por Fabiana Mercado
Pós graduada em Comunicação e Marketing Digital, formada em Publicidade e Propaganda, acumula mais de 9 anos na área, colunista do Zero Águia, curiosa, preza o respeito a todas as pessoas independente de características. Nas horas vagas pratica corridas com o apoio da equipe Superatis. Adora conhecer novas pessoas e lugares, ama viajar e possui um projeto denominado Desbravando Capitais com o marido para morar e vivenciar durante um mês em todas as capitais brasileiras nos próximos anos.
Revisão por Eliane Gomes
Edição por Felipe Bonsanto
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