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Análise nacionais e internacionais em um clique

A visão estereotipada sobre o continente africano

Foto do escritor: Isaac JorgeIsaac Jorge

A percepção distorcida de que a África é um continente homogêneo, onde todos os países e culturas são iguais, é um problema antigo que continua a persistir entre muitos estrangeiros, especialmente em pessoas da América do Norte e da Europa. Em geral, quando indivíduos de alguns países europeus e americanos se referem a assuntos relacionados aos países africanos, costumam usar expressões como “aconteceu na África” ou “viajou para a África”, deixando de lado a menção ao país especifico. Esse ponto de vista estereotipado decorre de uma falta de compreensão e ignorância sobre a natureza diversa e multifacetada do continente africano.


Uma das principais razões para esse equívoco é a exposição limitada que muitos indivíduos têm às culturas e sociedades africanas. Essa limitação começa nas escolas e universidades, onde pouco ou nada se ensina sobre os países africanos. Além disso, as representações da mídia frequentemente se concentram em estereótipos negativos, como pobreza, conflitos e doenças, reforçando ainda mais a ideia de uma África homogeneizada.


Além disso, o legado colonial das potências europeias, que dividiram o continente sem considerar as fronteiras tribais existentes, contribuiu para a falsa noção de que a África é uma entidade única.


Adicionalmente, as lideranças africanas têm contribuído, de forma indireta, para essa visão distorcida do continente. Isso ocorre porque,  muitas vezes, em conferências entre estados africanos e países europeus ou americanos, os países africanos apresentam-se como um único bloco  reunido com outro estado. Exemplos recentes incluem  conferências de cooperação econômica, como Rússia-África (27 e 28 de julho de 2023), EUA-África (6 a 9 de maio 2024), China-África (4 a 6 de setembro 2024).


Embora seja inegável a importância dessas conferências - que tratam de temas como industrialização, desenvolvimento sustentável, segurança, trocas comerciais e investimento, buscando aproximar os diferentes estados soberanos -, para pessoas menos informadas dos países onde esses encontros ocorrem, a ideia da homogeneidade do continente africano acaba sendo reforçada.  


Há também fatores históricos e culturais, como a colonização generalizada do continente  por várias potências europeias, que contribuíram para a visão simplificada e homogeneizada da África. O imperialismo, focado na exploração econômica e política da África pelos países europeus, reforçou ainda mais a ideia de que o continente era uma  entidade única e monolítica.


Quando estrangeiros acreditam que a África é uma entidade singular com características uniformes, eles ignoram a vasta diversidade de etnias, línguas, histórias e tradições que existem dentro de suas fronteiras. Essa perspectiva simplificada resulta na incapacidade de apreciar a riqueza e a complexidade das sociedades africanas, reduzindo-as a uma identidade monolítica e unidimensional.


Mapa Político da África
Fonte: Wikimedia Commons

Ao ampliarmos nossa visão sobre este lindo continente, composto por 54 Estados soberanos, e nos aprofundamos em sua essência,  podemos constatar sua extraordinária diversidade cultural, representada por mais de 2.000 línguas nativas, inúmeras  tradições, uma beleza natural rica em savanas, desertos, cascatas, rios, montanhas e praias deslumbrantes. Além disso, o continente abriga uma vasta e diferenciada fauna e flora, bem como demonstra uma admirável resiliência e hospitalidade em relação aos visitantes.


Infelizmente, a África ainda enfrenta inúmeros desafios que contribuem para sua percepção negativa, como altos níveis de pobreza e desigualdade em quase todos os países, conflitos e instabilidade politica, o que alimenta medo,  desconfiança  e reforça  preconceitos ou estereótipos sobre seus habitantes. Exemplos disso são a visão da África como um continente "atrasado" ou "selvagem". É essencial  reconhecer e desafiar essas percepções, promovendo uma compreensão mais informada e respeitosa sobre a  diversidade e a complexidade do continente africano.


Apesar dos desafios, muitos países africanos estão experimentando desenvolvimento e progresso consideráveis. Exemplos notáveis incluem Ruanda, África do Sul, Namíbia, Etiópia, Egito, Marrocos e Tunísia, entre outros. Para alcançar esse desenvolvimento, diversos países africanos contam com o apoio de bancos regionais ou continentais, como o Afreximbank e o Banco Africano de Desenvolvimento, cuja principal missão é  promover a transformação das sociedades, economias e melhorar a qualidade de vida das populações do continente.


É importante destacar que as dificuldades e desafios enfrentados pela África também oferecem várias oportunidades para investimento, comércio e cooperação, criando um ambiente promissor para iniciativas sustentáveis e mutuamente benéficas.


Apresento aqui alguns fatos interessantes sobre o continente africano:


  • Localização: A África está localizada no hemisfério oriental, entre os oceanos Atlântico, Índico e Mediterrâneo.

  • Tamanho: O continente africano tem uma área de aproximadamente 30,3 milhões de km², sendo o terceiro maior continente do planeta, cobrindo cerca de 20% da área total da Terra. É um espaço rico em diversidade cultural, linguística, geográfica e biológica.

  • Países: A África é composta por 54 países ou estados independentes.

  • População: De acordo com estimativas mais recentes, a população da África é de cerca de 1,5 bilhão de pessoas, o que representa cerca de 15% da população mundial.

  • Línguas: Mais de 2.000 línguas são faladas no continente africano, o que representa cerca de 30% das línguas faladas no mundo.

  • Culturas: A África é o berço de uma rica diversidade cultural, abrigando muitas civilizações e impérios históricos, como o Egito Antigo, a Núbia (uma região situada no vale do rio Nilo) e o Império do Mali.

  • Geografia: O continente é caracterizado por uma grande variedade de paisagens, incluindo savanas, desertos, montanhas e florestas tropicais.

  • Biodiversidade: A África abriga uma incrível biodiversidade, com inúmeras espécies de animais e plantas que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.


Para realmente entender e apreciar a África, é essencial reconhecer e celebrar sua diversidade. Cada país do continente tem sua própria história, costumes e tradições únicas que moldam sua identidade. Ao reconhecer e respeitar as particularidades de cada nação africana, estrangeiros podem deixar para trás a visão ultrapassada de que a África é um continente monolítico e, em vez disso, abraçar a riqueza de suas diversas e vibrantes culturas.




Isaac Jorge - É licenciado no Curso de Relações Internacionais pela Universidade Privada de Angola e trabalhou durante alguns anos na Missão Diplomática da República de Angola em Pretória - África do Sul. Além a experiência diplomática, nos últimos 18 anos tem estado ligado a atividade bancária, tendo assumido várias responsabilidades tais como Subdiretor na Direção de Desenvolvimento de Negócios Internacionais, onde desenvolveu-se estudos para internacionalização do banco. Foi chefe de Departamento da banca de investimentos e Chefe de Departamento da Direção de Organização e Qualidade. Tem estado ligado a diferentes projetos de desenvolvimentos e de melhorias de produtos e serviços bancários e na formação de técnicos trabalhadores. É amante de esportes, principalmente o futebol.




Revisão: Eliane Gomes

Edição: João Guilherme


 

Referencias





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